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2020....."para não dizer que só falei de flores"

  • Foto do escritor: Tereza Cristina Guimarães
    Tereza Cristina Guimarães
  • 10 de abr. de 2020
  • 3 min de leitura

Quando amanheceu o dia 1/2020 pensei: que ano lindo estamos iniciando....uma numerologia tão harmônica, um ano espelhado, grandes transformações certamente teremos!

Não demorou muito e subitamente, dei-me conta que estava dentro de um filme de ficção. Lembrei de filmes como o Feitiço do Tempo (onde todos os dias são o mesmo dia..) e uma cena de Vanilla Sky........( quando saindo as ruas o personagem não encontra ninguém!).

Aliado ao cenário de mortes de forma descontrolada, o que parecia uma guerra tinha agora soldados em uniformes brancos. O inimigo era invisível.....lutar com um fantasma, sim porque um virus não é um ser, é apenas uma informação.....curioso isso! Estávamos sendo mortos por uma informação.....


Precisávamos “ficar em casa, estaríamos protegidos em nossos lares”. O vírus, a “informação”, escondia-se nas conversas, nos sorrisos, nos abraços, no corpo, nas roupas, .....e as crianças tornaram-se vetores silenciosos! ...Que momento cruel e apartado de tudo que compreendemos como existência humana!...


A “informação” foi sendo decodificada. Ela deveria ser originária da invasão humana no mundo animal. Estávamos a ingerir a alma dos morcegos....zumbis, que só saem a noite, apesar de viverem em bandos, tem vida solitária, enclausuram-se em suas próprias asas e nutrem-se do sangue animal( em nossa construção inconsciente).....!!


Meus livros de cabeceira nesses dias tem sido dois: “Sociedade do Cansaço” (Byng-chul Han), e “Ideias para Adiar o Fim do Mundo” ( Ailton Krenak). Leio e releio e reflito sobre o mundo que eu conheci e aquele que futuramente quero ter.

Dos livros, o primeiro, um filosofo coreano, e uma das principais referências da atualidade. E o segundo, de um indígena, ativista socioambiental, organizador da Aliança dos Povos da Floresta e doutor honoris causa pela universidade federal de Juiz de Fora(Minas Gerais).


Ambos me levam a refletir sobre a natureza; Aquela que reside em nós, e que também se projeta no mundo. Em ambas há silencio!

A quarentena que nos é imposta, carrega o “vírus da informação” sobre a vida que estávamos a viver e construir para nossas gerações futuras.

Assim como a atual imposição do virus `a quarentena física, nós já éramos especialistas em viver ausências de sentido sociais, da falta de sentido na própria experiência de vida, e estávamos nos tornando sujeitos da nossa intolerância ao ócio da vida, resistentes em ampliar nosso horizonte existencial através da contemplação de nossa subjetividade. E no exercício dessa subjetividade está a relação com a natureza. Falo do silêncio, da expansão do sonho e da contemplação. Falo da condição da reoordenação das relações para que compreendamos que, tudo é natureza!


Em seu livro, Krenak fala de um pesquisador europeu num território Hopi (EUA) que desejava falar com uma anciã. Vai encontrá-la diante de uma rocha, e pergunta a seu interlocutor sobre o que vê. E este responde: ela está conversando com a irmã dela..... que é a própria pedra.....qual o problema?!


Byng-chul Han, nos fala de um mundo de positividade extremada que vínhamos construindo. Neste mundo não há espaço para interrupções, para espaços contemplativos. O prazer extasiante configura-se sobre o fazer incessante, e sobre o éxito resultante num mercado de consumo vitorioso. Tornamo-nos os senhores escravos de nós mesmos, sem a permissão de interrupções contemplativas e “ improdutivas”. Então essa “sociedade do Desempenho”, não é uma sociedade livre, segundo Byng –Chil Han.


A quarentena em que vivemos nos confronta com essa realidade, e nessa angustia da falta de desempenho, saturamos a única janela que temos para o mundo ( as redes sociais) em ofertas de toda ordem......há um enorme ruído de vozes.....e oportunidades..... e conselhos.....e consolos!

Para o filósofo, a vitalidade comprometida pelo desempenho, leva a um “infarto da alma”!

Apenas a natureza, senhora mestra dos silêncios, pode preencher nossos vazios neste instante. O céu de um azul profundo, fruto da despoluição do ar, brilha sob nossas cabeças. Nele vejo aves planado numa altura jamais imaginada ( quisera ser um deles neste momento!!...). O farfalhar das folhas de uma `arvore em minha janela, me chama a inspirar um cheiro das brincadeiras da infância. Num canto da sala repousa um jarro, flores vermelhas e amarelas colorem meus dias iguais, vejo-as tão quietas em seu novo habitat singelo.....

A natureza, mestra dos silêncios, aponta o caminho da paz!

Tereza Guimarães

Quarentena de abril de2020

 
 
 

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Médica formada pela Universidade Federal de Pernambuco(UFPE).

 

Especialização em Homeopatia pelo Instituto Hahnnemaniano do Brasil

 

Curso de Especialização em Psicologia da Saúde Mental (FAFIRE)

 

Terapeuta Floral Practitioner e professora autorizada da Flower Essence Society, Cal. USA.

 

Professora autorizada da Pacific Essences, Victoria BC, Canadá. Florais do Pacifico.

Curso de Formação de Profissionais em Dakshina Tantra Yoga pela Associação Brasileira de Dakshina Tantra Yoga - ABDTY.

Formação em Kinesiologia Avançada, pela 

Escola de Kinesiologia Avançada de Portugal.

Socia fundadora do Grupo de Estudos e Pesquisas em Terapia Floral-TERRA BRASILIS/Recife

Palestrante em eventos nacionais e internacionais.

                Fone : 81 -986054473

 

                         emails:

 

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