Dialogando com os mundos que me habitam...quando a natureza fala pela minha voz!
Este foi o título que conferi a palestra por mim realizada no VI Congresso Internacional de Terapeutas Florais no México em outubro de 2021. Com este tom poético, suscitou muita curiosidade e encantamento sobre o desenvolvimento do tema.
Dialogando com os mundos que me habitam... (que mundos são esses que compartilham da minha consciência de individualidade?) ...quando a natureza fala pela minha voz...(...e que reconhecem o potencial de revelar suas presenças em mim...)
Vim falar de interdisciplinaridade dentro da Terapia Floral, e dos conteúdos que Dr. Bach desenvolveu no diálogo entre sua sensibilidade ímpar e as investigações que eram compartilhadas entre seus contemporâneos. Foi uma época fervorosa, onde o questionamento sobre a doença e a cura ainda não estavam encarceradas nas decisões pragmáticas das máquinas “inteligentes” ou na atuação exclusiva sobre o corpo físico. O desenvolvimento do pensamento de cura da época, lograva a influência de novos paradigmas trazidos pela Psicologia, pela Homeopatia, pela Antroposofia e consequentemente, pelo pensamento em saúde vindo da China, Japão e India, primordialmente.
A contemplação da vida a partir das leis da natureza assumira um valor diagnóstico, e a grande revolução tornara-se, primeiro observar para depois compreender. Dr. Bach, nosso mestre maior da Terapia Floral foi um dos grandes observadores de sua época. Sua base de conhecimento homeopático e sua vivência maçônica encaminharam-no a reconhecer que para estar na vida com plenitude era preciso viver em Liberdade.
Essa condição não estava necessariamente vinculada a condição do corpo, mas antes ao reconhecimento de um lugar no mundo, e esse lugar tinha uma “voz” - a voz do entendimento consciente que somos seres com propósito de evoluir espiritualmente para o bem da manutenção da força criadora, que é a própria Consciência viva do planeta.
O grande mestre espiritual Eckhart Tolle, residente no Canadá, cita em um de seus livros:
“A Consciência vem preparando formas há milhões de anos para que por meio delas possa se expressar no mundo manifesto “
(Eckhart Tolle. Oneness With All Life 2008)
Essa vida que nos comprometemos em preservar, não se trata apenas de um substrato visível da física manifesto em corpo, mas algo que contém uma informação, uma centelha da expressão criadora, e que é única e a mesma, em todas as formas visíveis e tangíveis.
No caminho da interdisciplinaridade em Terapia Floral, encontramos as pesquisas do médico homeopata indiano Rajan Sankaran, afirmando após anos de estudos e acompanhamentos clínicos, que o adoecimento, seja físico ou psíquico, é uma dissonância, e que pode ser percebida através de sintomas que ele chamou de Sensações Vitais. Não são emoções, mas percepções que transitam no eixo corpo /mente.
Sabemos através de relatos de Nora Weeks, a fiel assistente do Dr. Bach, que a definição de padrões de atuação de muitas das essências florais, eram vividas por ele como sintomas físicos acompanhados de aflição, medo, angustia e até dores.
Dr. Sankaran reconhece três grandes respostas sintomáticas ou dissonantes daquelas que seriam respostas uníssonas, ou próprias da “voz humana”. Ele as chamou, a “voz do mineral”, a “voz do vegetal” e a “voz do animal”, traduzidas na sensação de ameaças a sobrevivência, ameaça a sensibilidade e criatividade e ameaça `as estruturas, simultaneamente.
Sabemos que no desenvolvimento embrionário passamos por esses três grandes estágios, o do cristal, o do vegetal e do animal. Após a fecundação o óvulo segue uma multiplicação geométrica perfeita (chamada Mórula...), para, logo em seguida, formar folhetos (...o nome denuncia...), fixar-se no útero através da placenta (...raízes nutridoras) e depois desenvolver-se seguindo a trilha de obediência ao projeto definido pelo seu DNA. Esses são estágios pelo qual passam todos os seres viventes do planeta. Estacionando cada qual na etapa definida pelo seu código de informações (DNA).
Nessa inspiração, o escritor e teosofista Indiano Jinarajadasa, escreveu em 1956:
..”na ânsia de viver a manifestação tangível, a força da vida ascende em todas as espirais da forma”.
Logo, os mundos que me habitam são a própria evolução da forma manifestada na experiência de cada reino da natureza existente em mim. A natureza fala pela minha voz quando nos desafios da vida manifestamos comportamentos, sensações e gestos que são característicos desses mesmos reinos da natureza.
Esta foi a conclusão que o Dr. Rajan Sankaran obteve após 20 anos de estudos sobre os sintomas de seus clientes. Seus gestos, sonhos, atitudes e sensações provinham da dissonância entre a “voz”, a experiência própria da natureza humana, e as informações características de outros reinos provenientes do campo informativo evolucionário.
Dr.Bach, tinha a “voz do reino vegetal” como qualidade informativa preponderante. Um sistema aberto, sensível e reativo a todas as experiências externas. O sistema floral de Dr.Bach foi configurado pela experiência; ele próprio foi um laboratório vivo, um campo de experimentação.
Seguindo no cenário de pesquisas, o Dr.Sankaran definiu sensações vitais características de muitas famílias botânicas. Ocorre que ao estudarmos as flores/o vegetal na Terapia Floral com base em suas famílias botânicas, vamos encontrar paralelos entre a descrição homeopática e a qualidade de atuação destas mesmas flores (vegetais) enquanto essência floral. O desenvolvimento deste moderno método de investigação homeopático, levou-me a uma compreensão aprofundada do caminho de pesquisas em Terapia Floral.
Dr.Bach apresentava uma grande afinidade com o reino vegetal, que se tornava a “voz” que por tantas vezes se sobrepunha a sua “voz humana”, resultando em angustias e sofrimentos físicos. Concluiu que a flor, enquanto manifestação arquetípica de um aspecto da Consciência Vital, trazia em sua quintessência a possibilidade do retorno ao uníssono, que podemos traduzir em retorno a Liberdade de ser quem se é, e assim criar a possibilidade de um retorno para a integração no projeto da Grande Consciência.
Essa Liberdade tornou-se a meta maior de cura em Terapia Floral!
A contribuição dos estudos do Dr. Rajan Sankaran traz luz e entendimento `as minhas pesquisas em Terapia Floral. Em suas observações, ele afirma, por exemplo, que os clientes que se beneficiaram de remédios preparados de plantas da família das Compostas, compartilham uma “sensação como se...” estivessem em estado de choque, como se tivessem sido feridos e insultados, ameaçados em sua vida e honradez. Normalmente transparecem essa condição numa conduta reservada e protegida, ou reativamente agressivos, ou mesmo indiferentes. Mas todas as atitudes estão sempre relacionadas ao tema central- afronta `a integridade pessoal!
Exemplifico na Terapia Floral com a essência Black Eyed Suzan, uma composta do sistema da Califórnia cuja atuação é prover luz, consciência, para recantos sombrios da psique em decorrência de agressões sofridas. A essência floral concede novas informações para o eixo corpo/mente/espirito, transformando esses registros presentes na personalidade interna e externamente, e promovendo então maior Liberdade.
Portanto, a interdisciplinaridade na Terapia Floral, constitui-se numa interlocução de grande valia, já que a contribuição de estudos e pesquisas entre `áreas afins do conhecimento sempre promovem um olhar ampliado, concedendo uma maior compreensão e “expertise” para a atuação terapêutica.
Da mesma forma, através do diálogo como os mundos que me habitam, conseguimos compreender o quanto intensamente estamos interligados com a força da vida, e como a dinâmica evolutiva encontra expressão e possibilidades conscientes na minha voz.
Tereza Guimarães
Fevereiro 2022
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